domingo, 27 de maio de 2012

1.306 – O FUGITIVO

Autor; Erivaldo Alencar,

Letra; 03 01 2011 e música; 04 01 2011.


Peço licença ao mundo
Pra minha história contar
Não posso dizer quem sou
Nem meu nome assinar
Deixei minha terra para
Esconder neste lugar.

Eu vivo me escondendo
Pois ninguém pode me ver
Onde moro ou trabalho
Alguém jamais pode saber
Por eu não pensar direito
Vou fugir até morrer.

Eu sou filho do sertão
Brasileiro nordestino
Eu sou de origem pobre
Sempre fui um bom menino
Por meu único erro sou
Castigado pelo destino

Fui trabalhador da roça
Depois fui para cidade
Eu montei banca na feira
Alcancei prosperidade
E depois um armazém
O maior da localidade.

Muitos prédios na cidade
Boa casa pra morar                                                                                                                                                                                 Três depósitos lotados
Bom carro pra passear
Outros pra fazer entregas
Terrenos pra edificar.

Tinhas muitos funcionários
Os quais sempre paguei bem
Crédito em todo Brasil
Sem jamais dever a ninguém
Eu emprestava dinheiro
E dava duro também.

Trabalhava dia e noite
Sem tempo pra descansar
Meu lazer era o trabalho
Só parava pra repousar
Quem precisasse de mim
Tava pronto pra ajudar.

Eu eduquei os meus filhos
Ensinei-lhes a trabalhar
Sempre lhes dei o melhor
Não deixei nada faltar
Ensinei os bons costumes
E a todos respeitar.
                                        
Eu sei que fui arrogante
E vezes autoritário
Não aceitava conselhos
Autêntico mandatário
Fazia tudo a meu jeito
Jamais perdi um horário.

Galguei ao mais alto topo
No comercio da cidade
Empresário bem sucedido
Cidadão da sociedade
Fui respeitado por todo
Construí grande amizade.

Com o decorrer do tempo
Tudo para mim mudou
Entrei numa grande crise
Que minha vida afetou
Com o transcorrer dos anos
Todos os meus bens acabou.

Quando a crise chegou
Eu tentei me arrumar
Deixei de emprestar dinheiro                                                                                                                                                                 Para emprestado tomar
Tudo mudou na minha vida
Não consegui me controlar.

Vi minhas contas atrasar
No caixa faltou dinheiro
Começou os prejuízos
No meu comércio inteiro
Pra resolver o problema
Eu fiz o plano primeiro.

Para salvar as finanças
Tomei dinheiro emprestado
Paguei juros muito alto
Veja só o resultado
Com o dinheiro a juro eu tive
Meu fracasso antecipado.

O banco cortou meu crédito
Não quis mais me emprestar
Eu recorri aos empréstimo
Feitos a particular
Percebendo o meu fracasso
Começaram me cobrar.

Sem dinheiro pra pagar
Todo dinheiro emprestado
Passei a trabalhar mais
Feito um desesperado
Quanto mais eu trabalhava
Mais eu ficava apertado.

Do dinheiro emprestado
O controle eu perdi
O juro foi aumentando
E no débito eu sucumbi
Pagar só os juro foi
A solução que eu vi.

O povo prejudicado
Começou a recorrer
Queria de qualquer jeito
O seu dinheiro receber
Sem dinheiro pra pagar
Só faltei enlouquecer.

Para tentar suportar
A esta vida sofrida
Passei a fumar demais
Me depravei na bebida
Ao invés de melhorar
Piorava minha vida.

Neste período de crise     
Feito louco pela estrada
Dirigindo alcoolizado                                                                                                                                                                                Eu sofri uma virada
O carro perdi total
Mas minha vida foi poupada

Com pouco tempo depois
Uma batida eu dei
E entre outras pessoas
Eu também me machuquei
Quase perdi uma filha
E os dois carros acabei.

Para cobrir as despesas
Logo comecei vender
Uma parte dos imóveis
Os vi desaparecer
Vendendo fora de preço
Sem nada poder fazer.

Eu fiz de tudo para
Poder salvar minha empresa
Saldar todos compromissos
Permanecer na riqueza
Pois o que eu mais temia
Era voltar pra pobreza.


Reuni os funcionários
Mostrei a situação
Pra reduzir as despesas
Pensei fazer demissão
Ou reduzir o salário
A mais provável solução.

Deixei de pagar as contas
Tentar cortar o fiado
As vendas diminuíram
E visivelmente quebrado
Sem receber o fiado
Eu fiquei desesperado.

Passei a trabalhar mais
Pra me livrar do fracasso
Depravei-me na bebida
Pra aliviar meu cansaço
Fiz do cigarro instrumento
Pra me tirar do embaraço.

Por muitas e muitas vezes
De morte fui ameaçado
Preparei-me pro pior
Passei a andar armado
Estava correndo perigo
De eu ser assassinado.

Tive por muitos momentos
Minha vida ameaçada
Um credor muito nervoso
Com a arma apontada
Rumo a minha cabeça
Sem  eu poder fazer nada.

Logo me apareceu
Da pátria o salvador
Me deu todas instruções
Pra me livrar do credor
Vim parar neste lugar
Como ladrão malfeitor.

Por mais de dois anos este
Cidadão me assediou
Que eu aplicasse um golpe
De todas as formas tentou
De início recusei
O que me recomendou.

Ele disse para mim
Você vai fugir da daqui
Não vai pagar a ninguém
Comece a se prevenir
Noutro lugar escondido
Sua vida vai garantir.

Sem ter outra solução
Sai sem me despedir
Destruí o meu prestígio
Pra aquele homem seguir
E somente do meu pai
Chorando fui me despedir

Eu saí sem trazer nada
Pra morar neste lugar
Jogou-me num avião
Pra aqui me despejar
Garantiu me ajudar
Para depois me roubar.

As coisas que lá deixei
Por amigos fui roubado
Levaram a mercadoria
Sem me dar nenhum trocado
Até na venda dos prédios
Também fui ludibriado.

Depois que cheguei aqui
Eu tentei me reerguer
Novamente no comércio
Fui me estabelecer
Com uma pequena quantia
Tentar a vida viver.

Eu comecei muito bem
No meu comércio montado
Não demorou muito tempo
Muitas vezes fui assaltado
Até por quem não esperava
Meu dinheiro foi roubado.

As pessoas me condenam
Por ter feito tudo isto
Causador de muitos danos
E por todos sou malvisto
Mas ninguém sabe o quanto
Eu sofro por conta disto

O povo somente ver
O prejuízo que dei
O mesmo povo não ver
O prejuízo que tomei
As contas que eu perdi
São mais que as queu não paguei.

Além de perder meus bens
Também perdi meu emprego
Acabou minha moral
Também perdi meu sossego
Desempregado sem direito
A o auxílio desemprego.

Não posso andar na rua
Pois eu não sou mais liberto
Se for visto por aí
Eu serei preso por certo
Uso nome da esposa
Para não ser descoberto.

Meu nome tá muito sujo
Na praça e SPC
A justiça a todo custo
Tá querendo me prender
Até pensei em me matar
Para deixar de sofrer

Se caso eu vejo alguém
Que seja muito parecido
Com alguém que me conheça
Me sinto desprotegido
Logo vou me esconder
Pra não ser reconhecido.

Nem pra minha querida terra
Tenho direito de voltar
Lá estão os meus credores
Loucos pra me encontrar
Sequer posso dar notícias
Nem meu nome informar.

Depois de tanto fracasso
Eu também adoeci
Operado várias vezes
E uma perna perdi
Sem dinheiro e sem saúde
No fracasso sucumbi.

De pobre eu fiquei rico
Da riqueza fui tirado
De um bom ajudador
Passei a ser ajudado
Pelo meu pai e meus manos
Estou sendo sustentado.

Por não procurar ouvir
Os conselhos de parente
Fui ouvir a um charlatão
Desumano indecente
Botou-me nesta furada
Tão longe da minha gente.

Deixei minha terra para
Seguir um plano nocivo
De enganar meus credores
Hoje arrependido vivo
Matei minha liberdade
Para ser um Fugitivo.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar

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