terça-feira, 15 de maio de 2012

1.219 - O TEMPO PASSOU E NÃO VI

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra; 13 06 2010 e música; 31 07 2010.


Involuntariamente
Hoje cedo eu resolvi
Reaver o meu passado
Que em poema descrevi
Que o tempo não espera
Ele passou e eu não vi.

Da minha vida na infância
Inda guardo na lembrança
Tudo que passei de bom
No meu tempo de criança
Sem saber nada da vida
Eu cresci na esperança.

Inda guardo na lembrança
O lugar que eu nasci
Naquela terra tão linda
Na inocência cresci
Com meus pais e meus irmãos
A casa que eu vivi.

E os velhos costumes
Que meus pais me ensinaram
E a doutrina cristã
Que pra mim eles passaram
Dos meus erros na infância
Corrigindo me castigaram

Da primeira vez que meu
Pai pra roça me levou
E da lida lá no campo
Todo segredo ensinou
Aos onze anos de idade
Ele me alfabetizou.

Quando mamãe me botava
Para varrer o terreiro
Botar ração pra as galinhas
Debaixo do juazeiro
Os afazeres da casa
Por ser seu filho primeiro.

Eu lembro os passarinhos
Que chegavam de montão
Entre diversas espécies
O canário e o cancão
Juntavam-se as galinhas
Para comer da ração.

A velha casa de taipa
O meu berço varonil
Abandonada por seus donos
Com o tempo ela caiu
Nem ruínas se ver mais
No lugar que existiu.

E a casa de tijolos
Que nela também morei
Encontra-se abandonada
Desde o dia que a deixei
Tem um pé de cajarana
Que há muitos anos plantei.

Os meus queridos avós
E meus adorados pais                                                                                                                                                                        Também a minha madrinha
A quem eu amei demais                                                                                                                                                                    Muitos parentes e amigos
Também não existem mais

O lugar que eu nasci
Estar muito diferente
Até o trapiazeiro
Morreu em chama ardente
Lá não passam mais boiadas
Como de antigamente.

Lá também não se ver mais
Tantas cabras no chiqueiro
Tantos jumentos nas roças
Nem ovelhas no terreiro
Nem porcos para engorda
Nem galinhas no poleiro

Não se ouve a Asa Branca
Nem o canto da Seriema
Nem o Galo de Campina
Nem o gemido da ema
No lugar do marmeleiro
Hoje só nasce jurema.

A mata virgem que tinha
Foi derrubada e queimada
Por causa da degradação
A terra tá descalvada
Os riachos aterrados
A fauna desrespeitada.

Eu me encontro tão distante
Do tempo que eu nasci
O tempo não me deu tempo
Da vida me esqueci
A vida se foi depressa
O tempo passou e não vi.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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